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Cliente antigo não ganha juro menor
Os resultados mostraram que a taxa média dos bancos ficou acima das taxas mínimas anunciadas.
Os correntistas dos bancos privados não têm se beneficiado das reduções dos juros promovidas pelas instituições financeiras. Segundo pesquisa da Proteste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, os bancos privados estão oferecendo taxas acima dos juros mínimos anunciados para os clientes atuais e condicionando juros vantajosos à mudança de banco.
"Fica clara a atual abordagem: os bancos privados querem trazer novos clientes, mas não querem beneficiar os que já têm um relacionamento e um histórico com o banco", afirma a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci. O levantamento da Proteste foi realizado em instituições bancárias públicas e privadas do Rio e São Paulo, na segunda e terça-feira. "Com os bancos públicos, nós percebemos que eles não beneficiavam a maioria diante das exigências e dos critérios utilizados", diz a coordenadora da Proteste.
Durante o levantamento, a Proteste simulou um empréstimo pessoal de R$ 10 mil em 30 meses e um financiamento de veículo com 40% de entrada e o restante a ser pago em 24 meses. Os resultados mostraram que a taxa média dos bancos ficou acima das taxas mínimas anunciadas.
No crédito pessoal, a taxa mais barata encontrada foi de 1,99% ao mês no Banco do Brasil, mas ela só é liberada para novos clientes. No Bradesco, a taxa cobrada chega a 7,31% ao mês, acima da taxa mínima de 1,97% (veja no quadro).
No financiamento de veículo, a menor taxa de juros encontrada foi de 1,59% no Banco do Brasil, acima de 0,95%, valor mínimo cobrado pelo banco. Já no Bradesco, o financiamento variou de 2,04% a 2,22% - a taxa mínima anunciada foi de 0,97%. No Itaú, a taxa na simulação chegou a 2,04% ao mês. "O banco posterga ao máximo a decisão de reduzir um juro se a pessoa já é correntista, porque já conhece o perfil do cliente", disse Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Na avaliação dele, as instituições têm interesse em atrair novos clientes para aumentar a sua receita. "Isso não quer dizer que o cliente que já é do banco nunca vai conseguir reduzir a taxa."
No levantamento, a Proteste informou que teve dificuldade para fazer uma simulação com as taxas cobradas pelo HSBC.
O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana lembra os clientes que em alguns contratos já assumidos o juro já foi definido, o que inviabiliza uma redução das taxas. "As pessoas estão trocando as bolas. Se um financiamento já foi contratado, os bancos não são obrigados a mudar os juros."
Bancos. Procurado, o Bradesco informou que as taxas de financiamento de veículos podem sofrer alteração de acordo com o "perfil e relacionamento" com o banco. Ainda segundo o banco, a taxa de 7,31% refere-se ao limite de crédito pessoal rotativo disponível . "Isso significa que o cliente tem opções de financiamento mais em conta na rede de agências", informou.
O Banco do Brasil afirmou que as taxas de juros para empréstimo pessoal "são válidas para todos os clientes". O Itaú ressaltou que boa parte das taxas reduzidas entra em vigor em 2 de maio e "as taxas mais baixas do MaxiConta Portabilidade Salário também serão estendidas aos novos clientes que transferirem o domicílio de seu salário para o Itaú". Já o HSBC informou que as taxas anunciadas são para novos clientes.